Enteropatia
A doença
entérica é a principal causa de morte em coelhos jovens. Anteriormente, a
maioria das doenças diarréicas incluía-se sob a classificação de complexo entérico,
ou era simplesmente chamada de enterite mucóide. Mais recentemente, começaram a
ser delineadas doenças específicas.
A enterotoxemia
é uma doença diarréica explosiva, primariamente de coelhos de 4 a 8 semanas
de vida. Ocasionalmente, afeta os animais adultos e os jovens.
Os sinais
incluem letargia, pelame áspero, área perineal coberta de materiais fecais marrom-esverdeados
e morte em 48h. Quase sempre, o coelho parece normal à noite e está morto na
manhã seguinte. A necropsia revela lesões típicas de enterotoxemia, ou seja,
distensão intestinal por fluidos e petéquias na superfície serosa. A
Clostridium spiroforme é uma causa reconhecida, que produz uma toxina iota.
Pouco se sabe sobre a transmissão do microrganismo; pressume-se que seja um
comensal normalmente presente. O tipo de dieta parece ser um fator no
desenvolvimento da doença. Uma incidência menor de enterotoxemia é observada quando
se usa uma dieta mais rica em fibras. Devido à rapidez com que ocorre a morte,
raramente se tenta um tratamento. A lincomicina e antibióticos relacionados induzem
a enterotoxemia relacionada com o Clostridium (por exemplo, C. difficile), em
virtude de seu efeito seletivo sobre as bactérias Gram-positivas normais, e são
contra-indicados nos coelhos.
Essas
diarréias mimetizam acentuadamente aquelas que ocorrem naturalmente e são
descritas anteriormente como enterotoxemia. A alimentação com feno ou palha é
quase sempre útil. A redução da quantidade de alimento ajuda na prevenção. A
mudança para um novo tipo de alimento também pode ajudar. O diagnóstico depende
da história, sinais e lesões.
A enteropatia
mucóide é uma doença diarréica de coelhos de qualquer idade.
Embora a
etiologia ainda seja enormemente desconhecida, ela resulta basicamente de
constipação. A impactação do ceco ou porção terminal do intestino delgado, ou
de ambos, é um achado comum de necropsia. Isso, conjuntamente com a observação
de muco gelatinoso no cólon, é quase patognomônico. Os sinais clínicos
consistem de fezes gelatinosas ou cobertas de muco, anorexia, letargia, temperatura
subnormal, desidratação, pelame áspero e, quase sempre, abdome inchado devido
ao excesso de água no estômago. A área perineal está quase sempre coberta de
muco e fezes. A impactação pode ser palpada através da parede abdominal nos
coelhos jovens.
A doença é
crônica em natureza, os coelhos podem viver por 1 semana. O diagnóstico
baseia-se nos sinais clínicos e nos achados de necropsia. O tratamento não tem
muito êxito. Às vezes, é benéfica a reidratação com eletrólitos. A mudança da
fórmula dietética geralmente previne a afecção.
Fonte: Manual Merck de
Veterinária: um manual de diagnóstico, tratamento,
prevenção e controle de doenças para o
veterinário / Clarence M. Fraser, editor. -- 7. ed. -- São Paulo : Roca, 1996
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