Mixomatose infecciosa


A mixomatose é uma doença fatal de todas as raças de coelhos domésticos e da Oryctolagus cuniculus (o coelho selvagem europeu). Os coelhos-cauda-de-algodão (Sylvilagus) e as lebres-americanas são muito resistentes. Todos os outros mamíferos são refratários. O vírus da mixomatose, um membro do grupo dos poxvírus, é transmitido por mosquitos, mutucas e por contato direto. Várias cepas são patogênicas.

Nos EUA, a mixomatose está enormemente restrita à zona costeira da Califórnia e Oregon, onde raramente ocorrem epidemias. Estas áreas representam a distribuição geográfica do coelho do mato da Califórnia (Sylvilagus bachmani), que é o reservatório da infecção. As perdas podem alcançar 25 a 90% nas coelheiras. Todas as idades são suscetíveis, embora os jovens com até 1 mês de idade pareçam ser mais resistentes que os adultos.

O primeiro sinal característico é a conjuntivite, que se acentua rapidamente e é acompanhada por uma descarga ocular leitosa. O animal apresenta-se apático e anorético e a temperatura alcança freqüentemente 42oC. Nos surtos agudos, alguns animais podem morrer dentro de 48h após os sinais aparecerem. Os que sobrevivem se tornam progressivamente deprimidos e desenvolvem pelame áspero; as pálpebras, nariz, lábios e orelhas se tornam edematosos, o que resulta em uma aparência inchada da cabeça. Nas fêmeas, a vulva se torna inflamada e edematosa; nos machos, o escroto se avoluma. Um sinal característico neste estágio é o abaixamento das orelhas edematosas. Invariavelmente se observa descarga nasal purulenta, a respiração se torna forçada e o animal entra em coma pouco antes da morte, que geralmente ocorre dentro de 1 a 2 semanas após aparecerem os sinais clínicos. Em certas ocasiões, o animal sobrevive várias semanas; nestes casos, aparecem nódulos fibróticos no nariz, orelhas e patas dianteiras. Os coelhos inoculados experimentalmente com cepas de laboratório do vírus invariavelmente desenvolvem nódulos pequenos no local da injeção depois de vários dias, seguidos do desenvolvimento de nódulos similares em outras partes do corpo, particularmente nas orelhas.

Durante a necropsia, são encontradas poucas lesões características. O baço está ocasionalmente aumentado e quase sempre desprovido de linfócitos quando examinado histologicamente. A incidência sazonal da enfermidade, o aspecto clínico dos coelhos infectados (especialmente a genitália inchada) e a mortalidade elevada apresentam todos valores diagnósticos. Também servem de ajuda os grandes corpúsculos de inclusão citoplasmáticos eosinofílicos, encontrados nas células epiteliais conjuntivais.

Uma vacina atenuada, preparada a partir do vírus da mixomatose, tem protegido tanto animais infectados em laboratório como no campo. Esta vacina não está disponível nos EUA e, como não existe tratamento eficaz, indicam-se eutanásia e enterro ou incineração dos coelhos afetados.

Fonte: Manual Merck de Veterinária: um manual de diagnóstico, tratamento,

prevenção e controle de doenças para o veterinário / Clarence M. Fraser, editor. -- 7. ed. -- São Paulo : Roca, 1996

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