NOÇÕES SOBRE BIOCLIMATOLOGIA E AMBIÊNCIA EM CUNICULTURA

A domesticação do coelho é relativamente recente, quando comparada à de outros animais de produção, datando da idade média. São animais susceptíveis a alterações bruscas de intempéries e de manejo, possuem um reduzido número de glândulas sudoríparas, sendo que estas são importantes para a dissipação do calor produzido pelos animais. Por isso as instalações devem ser construídas de maneira a facilitar as trocas de calor. O estresse do animal frente ao desconforto térmico pode ser observado através da queda da produção, transtornos reprodutivos e aumento de doenças. 

Os coelhos são oriundos de clima temperado. Dentre todos os outros animais domésticos de produção, o coelho é o mais sensível ao estresse de desequilíbrio etológico devido ao seu agregarismo, territorialismo, recente domesticação, hábito mais noturno e facilidade de descargas adrenalínicas. 

Tanto o frio excessivo quanto o calor intenso são prejudiciais aos coelhos, sendo a zona de conforto térmico para essa espécie compreendida entre 16 e 21°C, mas é possível criá-los sem problemas em regiões com temperatura média anual de até 24°C. Deve-se ressaltar que os coelhos são mais sensíveis ao calor do que ao frio e as variações bruscas de temperatura são mais nocivas do que uma mudança gradual na temperatura fora da zona de conforto. 

A temperatura crítica superior para a criação de coelhos é de 30 ºC. Com relação aos láparos, observa-se, que em algumas épocas do ano existe alta mortalidade provocada por excesso de calor. Nesta fase, os mecanismos de dissipação de calor ainda não estão totalmente desenvolvidos, tornando-se necessário à determinação de um modelo de ninho e manejo adequado às condições ambientais do criatório. A baixa temperatura também é prejudicial aos láparos que ainda não tem seu mecanismo termo-regulatório desenvolvido. A temperatura do ninho precisa estar em torno de 30°C e para isso é importante a correta preparação do ninho pela coelha bem como um eficiente manejo de cortinas. 

A umidade do ar tem alta relação com a temperatura, e pode ser um fator altamente prejudicial se estiver baixa ou em excesso. O ideal seria uma umidade relativa do ar entre 65 e 75%. Umidade muita alta prejudica a troca de calor com o ambiente e umidade muito baixa prejudica as vias respiratórias. Não é possível controlar a umidade relativa, que varia muito ao longo de um mesmo dia. O controle do vazamento nos bicos, manejo de cortinas, plantio de grama ao redor do coelhário, podem ser medidas interessantes para favorecer à correta umidade relativa do local.

Recomenda-se distribuir bem os pontos de luz no local para se assegurar uma iluminação homogênea. Como o animal tem hábitos crepusculares (de baixa intensidade luminosa) não é necessário administrar programas de luz artificial. Algumas pesquisas mostram que não há diferença significativa entre a fertilidade de fêmeas com e sem luz artificial no Brasil. Na Europa é comum estabelecer um programa artificial de luz na maternidade de um total de 16 horas por dia com uma intensidade luminosa de 3 a 4W/m 2 .

Deve haver uma ventilação mínima para se eliminar gases nocivos, como amônia e CO2, renovar o oxigênio, favorecer as trocas gasosas entre o animal e o ambiente e banir o excesso de umidade e calor produzidos pelos coelhos. De maneira geral, o coelhário não deve apresentar odor forte de coelhos. 

Fonte: Manual prático de cunicultura - ACBC.org.br

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