Infestação por ácaros
O ácaro dos ouvidos,
Psoroptes cuniculi, é um parasita comum dos coelhos em todo o mundo. Os sinais
comuns incluem meneios de cabeça e batimento das orelhas, assim como a coçadura
das orelhas. Podem ser observados torcicolo e espasmos dos músculos oculares.
Os coelhos afetados perdem carne, falham ao ganhar peso e sucumbem a infecções
secundárias que freqüentemente danificam o ouvido interno e podem alcançar o
SNC. Os ácaros irritam o revestimento do pavilhão auricular e causam acúmulo de
cera e crostas espessas. Sob boa contenção ou mesmo anestesia geral, deve-se
remover o exsudato marrom e farináceo com algodão embebido em água oxigenada
diluída e tratá-lo com qualquer um dos acaricidas aprovados para uso em cães e
gatos, ou mesmo apenas com óleo mineral suave. Os produtos que contêm um agente
ceruminolítico são particularmente úteis na remoção do material grosso
crostoso. O medicamento deve ser aplicado ao redor do ouvido externo e também
para baixo, nos lados da cabeça e pescoço. A aplicação tem de ser repetida em 6
a 10 dias. Podem ser necessários tratamentos adicionais.
As gaiolas utilizadas
pelos coelhos afetados têm de ser cuidadosamente limpas e desinfetadas. A
incidência é muito mais baixa em gaiolas de arame que em gaiolas sólidas. O
ácaro é transmitido facilmente por contato direto.
Os coelhos são
infectados pouco freqüentemente por Sarcoptes scabiei ou
Notoedres cati. Eles se
coçam quase que continuamente. Ocorre perda de pelo no queixo, nariz, cabeça,
base das orelhas e ao redor dos olhos. A afecção é extremamente contagiosa, e
pode ser transmitida ao homem. É difícil eliminar os parasitas nos coelhos
domésticos. Os proprietários devem ser aconselhados a descartar os animais, a
menos que sejam reprodutores valiosos. Podem ser mergulhados em uma preparação
de cal-enxofre, ou pode-se friccionar rotenona nas lesões.
As infecções por ácaros
do pelame são comuns; duas espécies são encontradas em todo o mundo:
Cheyletiella parasitovorax e Listrophorus gibbus. Estes parasitas vivem na
superfície da pele (ao contrário dos ácaros sarcópticos, que escavam a pele).
Não causam o prurido intenso observado na sarna sarcóptica.
As infestações por
ácaros do pelame são geralmente assintomáticas, a não ser que o animal fique debilitado.
Ocasionalmente, são observadas pequenas crostas e feridas no pescoço de coelhos
adultos. O diagnóstico é realizado através de raspado da pele e observação em
microscópio óptico. Estes ácaros não parecem afetar o homem. A transmissão ocorre
por contato direto e raras vezes se faz o tratamento, a não ser em animais
domésticos ou de exibição. O uso de uma solução de malation a 0,5%, usada duas
vezes como banho de imersão em intervalos de 1 semana, é eficaz para o
controle. A ivermectina representa promessa no controle de infestações de
ácaros tanto nos ouvidos como no pelame; porém não é aprovada para uso em
coelhos.
Fonte: Manual Merck de
Veterinária: um manual de diagnóstico, tratamento,prevenção e controle de doenças para o
veterinário / Clarence M. Fraser, editor. -- 7. ed. -- São Paulo : Roca, 1996
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