Nota Técnica – Me despertou o interesse em criar coelhos, o que faço agora? 7 dicas importantes
Por: Luiz
Carlos Machado
Professor
do IFMG Bambuí, Presidente da ACBC
E-mail:
luiz.machado@ifmg.edu.br
A criação
de coelhos é uma atividade empolgante e sempre que são exibidas reportagens
sobre a cunicultura um grande número de pessoas se veem interessadas. Parte dos
que iniciam sem muita informação logo descobrem que é uma atividade complexa, o
desempenho produtivo e reprodutivo dos animais não costuma ser o que esperavam
além de não conseguirem vender seus produtos, se encontrando então repletos de
dificuldades das mais diversas ordens. Prova disso é a elevada quantidade de
criadores que desistem da atividade já no primeiro ano de trabalho.
Assim,
nossa experiência tem mostrado que grande parte das pessoas ficam extremamente
empolgadas quando escutam falar de cunicultura e pensam que os lucros virão na
mesma velocidade que a reprodução dos coelhos, ou seja, de maneira muito
rápida. Para essas pessoas sempre recomendamos cautela. A cunicultura
sempre está associada a essa palavra, principalmente quando se está iniciando.
Temos
trabalhado na orientação dos interessados para que iniciem a atividade da
maneira mais segura possível. Dessa forma, algumas dicas são importantes e
podem nortear as atividades iniciais.
1) Defina
seu(s) produto(s) de venda: Como cunicultor, você produzirá
o que? Animais para venda ao frigorífico, coelho abatido, animais pet ou
animais para laboratório. Além disso, pode-se agregar valor à atividade,
vendendo também outros subprodutos como pele, gaiolas, feno, ração ou esterco.
Dessa maneira, previamente ao início da atividade, o interessado deve fazer
contatos gerais com possíveis compradores e vendedores e se inteirar dos
detalhes comerciais. Lembre-se que caso trabalhe com pets, deve-se investir em
divulgação e marketing, principalmente na internet, além de estar próximo a um
centro urbano. Já se for produzir animais para envio ao frigorífico a
diminuição dos custos da criação (principalmente alimentação) deverá ser
prioridade, pois o lucro por animal é muito pequeno. Além disso é desejável que
a criação esteja próxima ao abatedouro ou ao contrário, os custos de envio
serão elevados e para compensar, o cunicultor deverá enviar uma maior
quantidade de animais por vez.
2) Visite
outros cunicultores e verifique se há vizinhos: É
fundamental que o interessado visite outros cunicultores mais experientes e troquem
informações sobre a atividade, venda, dificuldades, etc. Além disso, nesse
momento poderia estar nascendo uma parceria comercial importante, que
fortaleceria a ambos. Além disso cunicultores da mesma região podem dividir
custos quando no envio de animais para abate, compra de maior quantidade de
ração (a menor preço), etc. A médio prazo esses vizinhos podem planejar uma
associação de cunicultores, as quais são urgentes em nosso país.
3) Leia sobre
o assunto ou faça minicursos: É fundamental que o cunicultor estude
a atividade antes de inicia-la. Para se trabalhar com coelhos é necessário
possuir conhecimentos básicos sobre alimentação, raças, manejo, reprodução,
etc. Uma fonte de fácil leitura é o Manual Prático de Cunicultura, que está
disponível gratuitamente na página:
http://www.acbc.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=153&Itemid
=197. Além da leitura, caso haja a possibilidade da participação em minicursos
sobre cunicultura, não perca tempo. Se inteirar da atividade é fundamental para
seu sucesso futuro.
4) Comece
pequeno e deixe a criação aumentar conforme sua experiência: Não é
indicado que o cunicultor já comece com elevada quantidade de matrizes.
Inicialmente os problemas são muitos e os animais não respondem da forma planejada.
Trabalhar com matrizes primíparas (primeira cria) é sempre muito difícil e a
quantidade de animais desmamados inicialmente será menor que o esperado. Assim,
é recomendado que o cunicultor comece com uma criação de 20 a um máximo de
50 animais, aumentando com o passar do tempo.
5) Não faça
grandes investimentos iniciais: Somente é recomendado um grande
investimento no momento em que o cunicultor tiver mais certeza e segurança
de que continuará na atividade. É sugerido que se adaptem e aproveitem instalações
já prontas na propriedade, as quais não podem ser totalmente fechadas. Pode-se
buscar também a compra de gaiolas usadas a partir de outros cunicultores ou
comprar novas diretamente do fabricante. Caso se queira investir, o governo
nacional apoia pequenos empreendimentos e crédito rural e informações
relacionadas podem ser obtidas no Banco do Brasil e/ou na secretaria de
agricultura da sua cidade.
6) Adquira
animais de instituições de ensino/pesquisa: Como dito anteriormente os
interessados devem procurar reduzir custos. Os animais vendidos por
instituições de ensino das áreas de Zootecnia/Veterinária normalmente
comercializam animais de boa genética a baixo custo. Compre machos e fêmeas
de locais diferentes para melhorar a variabilidade genética da criação.
Atualmente para a produção de animais para abate, vem se propondo a utilização
de cruzamentos de diferentes raças e dentre elas pode-se destacar a raça
Botucatu (melhorada geneticamente, desenvolvida na Unesp-Botucatu campus
Lageado) que poderá ser cruzada com a Nova Zelândia Branca.
7) Veja
qual o custo da sua alimentação e como poderá ser baixado: Considerando
que a alimentação responde por 60 a 70% dos custos em uma criação, o
interessado deverá dar especial atenção a esse item, apontando respostas
para as seguintes perguntas: quanto sairá para mim cada quilo de ração colocado
em minha granja? Fornecerei volumoso e se sim qual será a espécie forrageira? É
possível comprar uma quantidade fechada de ração que me proporcione algum desconto
ou posso comprar essa maior quantidade a partir de uma compra coletiva junto a
outros cunicultores? As rações que tenho disponíveis em minha região são de boa
qualidade? Respostas claras a essas perguntas são essenciais para que se inicie
a atividade com maior segurança. É possível dialogar com fábricas de ração e
negociar quantidades fechadas a um custo mais baixo. Caso a fábrica de ração
não tenha muita informação para a formulação da ração, poderá ser repassado a
ela o Manual de Formulação de Ração e Suplementos para Coelhos, disponível
gratuitamente em: http://www.acbc.org.br/images/stories/Formulao2.pdf.
Lembre-se
que o diálogo é muitas vezes a chave do sucesso e neste sentido procure sempre
ajuda técnica de especialistas ou de cunicultores mais experientes e sempre
ajude a outros que buscam por novas informações. A união é necessária para
crescimento mútuo.
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