DOENÇA RESPIRATÓRIA EM COELHO ANÃO HOLANDEZ DE COMPANHIA

- RELATO DE CASO - Evelyn Golin


RESUMO
As doenças respiratórias em coelhos é muito frequente na cunicultura e também em coelhos de companhia, que em muitos casos levam os animais à
óbito, a incidência da doença aumenta devido o estresse quando seu sistema imunitário reduz, erros de manejo, frio excessivo, odores de produtos sanitizante. Descrever-se-á aqui o caso de um coelho anão de companhia da raça Coelho anão holandês de 2 anos de idade.

Palavras-chave: doença respiratória; coelho; pet.
INTRODUÇÃO
(VIEIRA,1986) constatou que a pasteurelose é uma das piores doenças que podem atacar as criações de coelhos,pois, é uma enfermidade infecciosa de alta contagiosidade, Além disso, pode ser muito persistente, quando invade um coelhário, tem muita facilidade para produzir novos surtos, quando o combate não é feito de acordo com determinadas técnicas. A rinite em coelhos têm bom aspecto em geral e coceira no nariz, pois, esfregam o focinho com as patas anteriores ou contra as grades da gaiola ou objetos vizinhos. Começam a espirrar e das narinas saí um líquido claro e seroso, que passa logo a mucopurolento, esbranquiçado e que aglutina (gruda) os pelos do bigode e umedece as pontas das patas, porque os coelhos as esfregam no focinho. A ponta do focinho fica irritada, avermelhada e em geral com cascas. A conjuntivite aparece com frequência em virtude do processo nasal se estender
ao sistema lacrimal. As complicações são comuns, em virtude da persistência da inflamação supurativa nas cavidades nasais, cuja conformação facilita a retenção do catarro. Por isso, com irritação contínua provocada pelas mucosidades retidas, as narinas e lábio superior se racham e a apresentam escoriações, sobre as quais podem aparecer formações vegetativas poliposas (pólipos) que variam de tamanho. Podem ser encontrados, também, estomatite e glossite.
Muitas vezes, o processo inflamatório se estende aos seios nasais (sinusite), condutos lacrimais e conjuntiva, ficando esta última vermelha e inchada. O olho lacrimeja muito. Aparecendo uma supuração superficial na mucosa conjuntival e que por contato, pode provocar uma inflamação da córnea. Este sofre, então, uma queratite difusa simples ou um abscesso capaz de ulcerar a própria córnea, com derrame de pus na câmara anterior do olho.
MAKINO, 2005 ressalta que a alta taxa de mortalidade causada pela enfermidade, em virtude do caráter septicêmico que assume em coelhos, pode
provocar efeitos devastadores sobre a economia da cunicultura, incluindo-se ainda a infertilidade que a infecção acarreta.
As vias hematógena e venérea e o contato com aerossóis são só principais meios de transmissão. Alguns coelhos são portadores assintomáticos. Há evidências de que a colonização das narinas não ocorre antes de 2 ou 3 meses de idade ou antes do desmame. O tratamento está diretamente relacionado com os sinais clínicos, e o prognóstico é normalmente ruim. (CUBAS, 2006).
Existe uma variedade de tosses, espirros, pneumonias, que causam mortes repentinas e que são difíceis de identificar para quem não é especialista. Nem sempre são causadas por bactérias como a pasteurelose e os tratamentos medicinais raramente surtem efeito. Sintomas: espirros, tosses, sujas porque são usadas como “lenço de mão”, respiração ruidosa. Nem sempre morrem, alguns vivem reproduzem normalmente; as vezes ocorrem óbitos quase que inesperados. Ao dissecar o animal morto verá que os animais “saudáveis” e os “doentes” são semelhantes, e muito poucos verão os pulmões 100% limpos.
Contudo casa há em que os pulmões estão em tão mau estado que uma pessoa se admira por animal não ter morrido há muito tempo. (SCHIERE,2004)

RELATO DO CASO
O presente relato se refere a um coelho anão pet deste caso foi submetido ao estresse de outro macho, isso fez que o mesmo ficasse com “ciúmes” das suas duas fêmeas, onde começou uma enorme disputa entre os dois, os coelhos dessa mini criação eram criados em sistema orgânico, livres e soltos no quintal de seu proprietário. Os animais foram separados assim que o macho “estranho” foi adquirido esse ficou de quarentena em gaiola fechada antes de ser introduzido ao plantel, os outros 3 coelhos (2 coelhas da raça Botucatu e 1 mini coelho holandês) após este tempo o outro coelho de raça indefinida de porte grande foi colocado junto aos demais, o mini coelho começou a disputar com o mesmo o território, onde o mini coelho começou com leves espirros matinais e noturnos, passaram-se dois dias começaram as secreções nasais serosas e mucopurolentas, então, segundo o QUINTON,2005 os coelhos anãos, com seios ou sinus respiratórios curtos são mais suscetíveis às infecções respiratórias, em geral, as doenças respiratórias do coelho são crônicas.
Foi medido o estado febril do animal a temperatura retal era de 39,6ºC, foi administrado por via oral 3 gotas de dipirona sódica, o animal após este quadro já foi isolado dos demais, no dia seguinte a febre continuava o resultado foi de 39,8ºC com o agravamento dos movimentos respiratórios e espirros constantes utilizou-se o antimicrobiano com o nome comercial de Petmax Tridex (sulfadiazina 200mg, trimetropima 40mg) 5 gotas (0,25 ml) a cada 12 horas por 5 dias, lavava-se os olhos e narinas com solução fisiológica. Após este período o animal continua com espirros e secreções mucopurolentas com mais intensidade e a febre não cessou, pelo contrário piorou chegando a 40,8ºC.
No CARPENTER,2010 sugere-se a utilização de enrofloxacino 5mg/kg por 14 dias uma vez ao dia, então a administração desse medicamento por via subcutânea foi associado ao uso do tratamento de inalação sugerido por QUINTON,2005. A inalação foi administrada com 5ml solução fisiológica e 5 gotas de bromidrato de fenoterol 0,5% por 20 minutos 4 vezes ao dia por 7 dias, também administrado o anti-inflamatório ibuprofeno 50 mg/ml de uso pediátrico 5 gotas a cada 12 horas por via oral como este fármaco costuma ter efeito colaterais gastrointestinais para evitar tal desconforto e para estimular a alimentação do animal foi acrescido com leite fermentado na água, e a ração peletizada para coelhos adultos foi trocada por ração peletizada para coelhos jovens e alimento verde em abundância, no terceiro dia do tratamento já houve melhora o coelho já estava se alimentando melhor, a febre já tinha cedido um pouco já não passava de 39,7ºC.
No quinto dia do tratamento os olhos já não lacrimejavam mais, o animal que havia perdido 500 gramas de seu peso desde o inicio do quadro já recuperara 45 gramas, o leite fermentado foi fornecido em abundância junto a água e a partir desse momento a cada litro de água recebeu uma colher de sopa do vinagre de maçã para auxiliar nas fezes pastosas que apareceram nesse momento devido a quantidade de medicamentos.
No sétimo o protocolo do quinto dia ainda era mantido o animal já estava um pouco mais ativo e relutante para a receber a inalação, porém, a temperatura estava em 39,5ºC, as fezes já não estavam pastosas.
No oitavo dia foram as inalações passaram ser apenas duas vezes apenas com solução fisiológica, o ibuprofeno passou a ser 1 vez ao dia, e o enrofloxacino continuou a sua indicação, a ração de coelhos adultos começou a ser introduzida com parcimonia, a água com vinagre de maçã e o leite fermentado era fornecida em abundância.
A partir do 11º dia o coelho já não apresentava mais febre a alimentação já era somente com ração peletizada para coelhos adultos, já não havia mais febre a temperatura já estava em 38,9ºC o animal, já não apresentava mais espirros somente a coriza branda, a partir desse instante a inalação com solução fisiológica passou a ser apenas uma vez ao dia o ibuprofeno foi retirado, o restante permaneceu até o 14º dia do tratamento onde o coelho já apresentava uma grande melhora e o ganho de peso foi de 390 gramas no total, ao final do tratamento com enrofloxacino o animal ainda não foi reintroduzido junto aos demais pelo perigo de transmitir para os demais, ele continuou por mais 7 dias com a inalação de solução fisiológica uma vez ao dia onde ao final de 21 dias o animal já não apresentava mais nenhum dos sintomas apresentados anteriormente.
A ração peletizada de adultos era fornecida em abundancia assim como a dieta verde, o leite fermentado foi retirado e o vinagre de maçã também.

DISCUSSÃO
O diagnóstico baseou-se no característico aspecto fisiológico do coelho onde o mesmo tinha temperatura retal variando de 39,5º a 40,8ºC, anorexia, pelo eriçado, muco amarelado das fossas nasais, patas anteriores molhadas, olho com lacrimejante. Segundo (MEDINA,1979) o coelho adulto apresenta de 80 a 90 pulsações por minuto, enquanto o coelho novo apresenta 100 a 120. Um número maior de pulsações é sinal de doença infecciosa de caráter febril. Ao contrário, a diminuição do número de pulsações indica perda de sangue, envenenamento, paralisias, etc. A temperatura normal do coelho é de 38º a 39ºC retal. Os movimentos respiratórios do coelho são de 20 a 60 por minuto, dependendo da idade e do tamanho do animal. Qualquer modificação na respiração do animal indica que as vias respiratórias se acham doente.
Apesar do prognóstico ser reversado na maioria dos casos, esse foi um caso muito grave e de difícil resolução, porque o tratamento foi longo e sem nenhum protocolo a ser seguido somente na tentativa e erro porque este animal, não foi diagnosticado com uma doença especifica e sim apenas com sintomas, o tratamento foi elaborado em cima de estudo técnicos sobre doenças respiratórias em lagomorfos, o animal ficou completamente abatido e estressado devido a quantidade de vezes que ficava no recinto coberto para receber inalação e também pela inconveniência das aplicações subcutâneas.
Depois de tudo o animal ainda ficou por mais um mês isolado dos demais para que se tivesse certeza que este estava curado e que nenhum outro animal do plantel realmente não tivesse contraído a doença respiratória.
Após isso os dois machos ficaram em compartimentos separados, porém, mesmo assim, ainda criados livres e após um ano do ocorrido o animal doente ainda está vivo e até o momento nunca mais apresentou nenhum sintoma de doença respiratória de coelho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
VIEIRA, M.I.: Doenças dos coelhos – Manual Prático. LPM, 2ed., 1983.
QUINTON, J.F.: Novos animais de estimação: pequenos mamíferos, ROCA
2005.
CUBAS, Z. S.; SILVA, J. C. R.; CATÃO-DIAS, J. L. Tratado de animais
selvagens: medicina veterinária. São Paulo: Roca, 2006.
SCHIERE, J.B. Agrodok 20 – Criação doméstica de coelhos . Fundação
Agromisa, 2ª Ed., 2004
MAKINO,L.C; NAKAGHI,L.S.O. – Pasteurelose em coelhos: Relato de casos. A
review ARS VETERINARIA, Jaboticabal, vol.21, p.138-141, 2005.
CROW,S.E.;WALSHAW,S.0. – Manual de procedimentos clínicos em cães,
gatos e coelhos. Artmed, 2000.
MEDINA,J.G. – Cunicultura – A arte de criar coelhos. Instituto Campineiro de
Ensino Agrícola, Ed. Revisada e ampliada, 1979
Carpenter,J.W. – Formulário de animais exóticos, ROCA 9ª Ed,2010

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Medicações utilizadas em coelhos

O que o coelho pode e não pode comer

COMO CURTIR PELE DE COELHO