Nota Técnica – Entendendo a alimentação dos coelhos de forma comparativa

Quantos são os livros, as revistas, os artigos, as revisões, as notas, os relatos, as cartas, os sites e tantos outros meios de divulgação que tratam sobre a alimentação de coelhos especificamente? Muitos e muitos, com certeza, tanto a nível nacional quanto internacional. Quantas dessas publicações tratam de forma científica e/ou técnica, com vários gráficos, quadros, tabelas, fotos e uma série de estatísticas diferentes? Muitos e muitos também. Agora, pergunto à todos que trabalham com coelhos mas não estão no meio acadêmico, quantos que vocês entenderam a importância e os “por quês” de se alimentar coelhos corretamente? Acredito que poucos não é verdade? Essa nota destina-se a justamente à vocês, pessoas que necessitam desse conhecimento mas de forma simples e precisa. Para isso, vamos entender como nós nos alimentamos, nas diferentes fases de nossa vida e comparar com as fases de vida dos coelhos. Bom proveito!
A gestação das mulheres dura, comumente, nove meses. Durante o início da gestação, a futura mamãe não sente mais ou menos fome do que sentia antes, quando ainda não estava grávida, mas com o passar dos meses sua fome vai aumentando, aumentando, AUMENTADO, até o ponto dela sonhar com comida e sentir o que chamamos de desejo (tipo melancia caramelada com pimenta e mostarda...Eca!). Isso ocorre porque o bebê precisa crescer e desenvolver. Como ainda não pode se alimentar por conta própria, necessita dos nutrientes que a mãe “manda” via alimentação, por isso é importante que ela seja consciente em TUDO o que consome (bebida, comida e tudo mais o que não for bebida nem comida, tais como drogas e medicamentos), pois praticamente TUDO poderá ser absorvido pelo prematuro.
Voltando ao assunto, quanto maior o tempo de gestação, maior é a sensação de fome, assim como maior for o número de filhos. No final da gestação a barriga da mamãe está tão grande que empurra os órgãos dela para os lados, inclusive os intestinos e o estômago, comprimindo um pouco eles, fazendo a mamãe perder um pouco da fome. É importante salientar que essa mãe deve nutrir-se corretamente e preferir alimentos com maior teor de energia (engordar um pouquinho), pois quando ela começar a ingerir menos alimento, ela tem um pouco de reserva corporal (um pneuzinho de leve) para mantê-la em perfeito estado de saúde.
Ao nascermos, nosso primeiro alimento é o colostro (um tipo de leite que a todas as mães mamíferas produzem, que contêm maior quantidade de todos os nutrientes e rico em células de defesa) e em seguida o leite materno (importante fonte de alimentação e nutrição dos recém-nascidos, recomendado amamentação até o tempo mais tardar possível, preferencialmente por dois anos). A mãe agora come muuuito mais do que antes, porque precisa de muuuita energia e muuuitos nutrientes para produzir o leite, pois a produção de leite requer que o metabolismo materno aumente muito e aumentar o metabolismo significa aumentar a quantidade de alimento ingerido.
Mais tarde o bebê passa a se alimentar de leite mais os alimentos que a mãe oferece para ele, seja de origem animal ou vegetal, até chegar ao ponto da criança deixar de mamar por completo para comer, exclusivamente, alimentos sólidos e água. Importante salientar que mesmo que o neném apenas mame é recomendado dar-lhe água via mamadeira, para sempre mantê-lo hidratado e acostumá-lo com o líquido mais importante à vida de todos os seres vivos.
Quando a criança passa pelo estágio de adolescencia a fome continua, mas a capacidade de alimentar-se aumenta porque o adolescente cresceu e ficou com um porte maior, ou seja, com estômago e intestinos maiores. Chega uma fase que todo adolescente passa, ou deveria passar, onde seu metabolismo está muito elevado, por conta da fabricação de uma série de hormônios que serão importantes para ele iniciar e manter suas atividades sexuais. Deixando o libido dos meninos e das meninas de lado, a sensação de fome é extrema, pois estão numa fase de crescimento, desenvolvimento e fabricação hormonal, além do raciocínio expandir muito. Todos esses processos necessitam de nutrientes para ocorrer, sendo que cada processo aumenta a fome do indivíduo, como cada nutriente está contido nos alimentos que eles consomem a fome exagerada é o resultado desses acontecimentos.
Ao irem tornando-se adultos, aquela sensação de fome exagerada diminui gradativamente, pois agora o adolescente vai parando o crescimento, o desenvolvimento e os hormônios estabilizam-se. Na fase adulta o ser humana necessita apenas manter sua massa corporal, ou seja, deve-se alimentar sem engordar ou emagrecer, apenas manter o peso.
Daí por diante, quanto maior for a idade, menor a quantidade de comida necessária, porque o corpo das pessoas mais velhas, além de começarem a constante perda de massa, também tem seu metabolismo (atividade corporal) diminuída. É por isso que idosos precisam comer menos quando comparados com adultos de seu mesmo tamanho.

Fonte: Yuri De Gennaro Jaruche, 
Zootecnista pela UFMG e Mestrando em Produção de Não-Ruminantes pela UEM, enfoque em Cunicultura.
e-mail: jaruche.y.g@zootecnista.com.br
site: www.acbc.org.br

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